"Continuo buscando, re-procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar e anunciar a novidade". (Paulo Freire)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Consumismo infantil

Consumismo Infantil, um problema de todos


Ninguém nasce consumista. O consumismo é uma ideologia, um hábito mental forjado que se tornou umas das características culturais mais marcantes da sociedade atual. Não importa o gênero, a faixa etária, a nacionalidade, a crença ou o poder aquisitivo. Hoje, todos que são impactados pelas mídias de massa são estimulados a consumir de modo inconseqüente. As crianças, ainda em pleno desenvolvimento e, portanto, mais vulneráveis que os adultos, não ficam fora dessa lógica e infelizmente sofrem cada vez mais cedo com as graves conseqüências relacionadas aos excessos do consumismo: obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade e violência, entre outras. Nesse sentido, o consumismo infantil é uma questão urgente, de extrema importância e interesse geral.



De pais e educadores a agentes do mercado global, todos voltam os olhares para a infância − os primeiros preocupados com o futuro das crianças, já os últimos fazem crer que estão preocupados apenas com a ganância de seus negócios. Para o mercado, antes de tudo, a criança é um consumidor em formação e uma poderosa influência nos processos de escolha de produtos ou serviços. As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões de compra de uma família (TNS/InterScience, outubro de 2003). Carros, roupas, alimentos, eletrodomésticos, quase tudo dentro de casa tem por trás o palpite de uma criança, salvo decisões relacionadas a planos de seguro, combustível e produtos de limpeza. A publicidade na TV é a principal ferramenta do mercado para a persuasão do público infantil, que cada vez mais cedo é chamado a participar do universo adulto quando é diretamente exposto às complexidades das relações de consumo sem que esteja efetivamente pronto para isso.

As crianças são um alvo importante, não apenas porque escolhem o que seus pais compram e são tratadas como consumidores mirins, mas também porque impactadas desde muito jovens tendem a ser mais fiéis a marcas e ao próprio hábito consumista que lhes é praticamente imposto.

Nada, no meio publicitário, é deliberado sem um estudo detalhado. Em 2006, os investimentos publicitários destinados à categoria de produtos infantis foram de R$ 209.700.000,00 (IBOPE Monitor, 2005x2006, categorias infantis). No entanto, a publicidade não se dirige às crianças apenas para vender produtos infantis. Elas são assediadas pelo mercado como eficientes promotoras de vendas de produtos direcionados também aos adultos. Em março de 2007, o IBOPE Mídia divulgou os dados de investimento publicitário no Brasil. Segundo o levantamento, esse mercado movimentou cerca de R$ 39 bilhões em 2006. A televisão permanece a principal mídia utilizada pela publicidade. Ao cruzar essa informação com o fato da criança brasileira passar em média quatro horas 50 minutos e 11 segundos por dia assistindo à programação televisiva (Painel Nacional de Televisores, IBOPE 2007) é possível imaginar o impacto da publicidade na infância. No entanto, apesar de toda essa força, a publicidade veiculada na televisão é apenas um dos fatores que contribuem para o consumismo infantil. A TNS, instituto de pesquisa que atua em mais de 70 países, divulgou dados em setembro de 2007 que evidenciaram outros fatores que influenciam as crianças brasileiras nas práticas de consumo. Elas sentem-se mais atraídas por produtos e serviços que sejam associados a personagens famosos, brindes, jogos e embalagens chamativas. A opinião dos amigos também foi identificada como uma forte influência.

Não é por acaso que o consumismo está relacionado à idéia de devorar, destruir e extinguir. Se agora, tragédias naturais, como queimadas, furacões, inundações gigantescas, enchentes e períodos prolongados de seca, são muito mais comuns e freqüentes, foi porque a exploração irresponsável do meio ambiente prevaleceu ao longo de décadas.

Concentrar todos os esforços no consumo é contribuir, dia após dia, para o desequilíbrio global. O consumismo infantil, portanto, é um problema que não está ligado apenas à educação escolar e doméstica. Embora a questão seja tratada quase sempre como algo relacionado à esfera familiar, crianças que aprendem a consumir de forma inconseqüente e desenvolvem critérios e valores distorcidos são de fato um problema de ordem ética, econômica e social.

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, combate qualquer tipo de comunicação mercadológica dirigida às crianças por entender que os danos causados pela lógica insustentável do consumo irracional podem ser minorados e evitados, se efetivamente a infância for preservada em sua essência como o tempo indispensável e fundamental para a formação da cidadania. Indivíduos conscientes e responsáveis são a base de uma sociedade mais justa e fraterna, que tenha a qualidade de vida não apenas como um conceito a ser perseguido, mas uma prática a ser vivida.


Fonte: http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/ConsumismoInfantil.aspx
 
 
O que significa ‘educar para a vida’?
O que significa‘educar o olhar’?
 
“Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.” (Rubem Alves)

O jornal Folha de São Paulo publicou o depoimento de um jovem pai, que, aflito, dizia:
"A minha filha pediu um laptop da Xuxa. Ela só tem três anos e fala direitinho ‘Laptop’.
Acho que ela nem sabe o que é, mas viu na TV e quer de qualquer jeito." O pai afirma que já percorreu duas lojas à procura do ‘laptop da Xuxa’, mas que estavam com o estoque esgotado. Prossegue, dizendo que irá se dirigir, apesar da forte chuva, ao shopping, pois a felicidade de sua filha depende do tal laptop.
Nada mais irá satisfazê-la, e não se contentará com um laptop de brinquedo similar, quer unicamente o ‘laptop da Xuxa’.
Enquanto as crianças assistem a desenhos e programas infantis, a educação para o consumo vai se istalando de forma poderosa no seu subconsciente.Como muitos pais passam longas jornadas fora de casa, e desconhecem o que os filhos  veem na televisão, vamos fazer uma breve descrição do comercial do brinquedo em questão.
  
O comercial inicia-se com Xuxa e duas meninas sentadas ao redor de uma mesa com cadernos e lápis de colorir.
 Xuxa diz que vai mostrar para as duas meninas algo muito mais legal e divertido.
 Nesta hora, entram em cena os efeitos especiais, e uma esteira colorida leva as três até o Céu.
 E no Céu está o tal laptop. A esteira converte-se num gigantesco tobogã,  pelo qual elas descem escorregando felizes. E no fim do comercial, Xuxa apresenta os vários  modelos e cores para se colecionar.



Ter = Ser Feliz

O desejo de posse e o consumismo impostos a mentes indefesas, ainda na mais tenra idade.
A pedagogia do consumo,– o aproveitar da imaturidade natural de uma criança pequena para convertê-la num consumidor precoce.Gerações e gerações de crianças desenvolveram a criatividade e o gosto pela arte por meio de cadernos e lápis de colorir. E um comercial de 30 segundos consegue fazer com que a criança enxergue tal atividade como coisa do passado, e passe a almejar o objeto anunciado.
 “Lápis e cadernos de colorir, que coisa mais sem graça...”  (?????) 

 Nos países desenvolvidos, onde a Infância e a Educação são priorizadas, cuidadas e protegidas,existem leis regulamentando e restringindo a publicidade infantil. Nos Estados Unidos e na Europa, apresentadores de atrações infantis são proibidos por lei de ter sua imagem associada a qualquer produto comercial. Crianças pequenas tendem a acreditar que os adultos sempre falam a verdade.

O que se pode esperar de uma sociedade na qual interesses comerciais se sobrepõem aos cuidados básicos
com a Infância?...

Em ambientes com a presença de crianças menores de quatro anos, mantenha os aparelhos de TV desligados. 
Lembre-se de que a atenção periférica nas crianças pequenas é bastante apurada, mais até do que nos adultos. Enquanto brincam inocentemente num canto da sala, elas vão assimilando e absorvendo tudo que acontece ao seu redor.
 Os olhos e os ouvidos das crianças pequenas são sensíveis demais para a futilidade das novelas, as coberturas sensacionalistas dos dramas e tragédias humanas dos telejornais,...
...e a incessante torrente apelativa, abusiva e invasiva de propagandas e comerciais.

“Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.” (Rubem Alves)

Educadores orientam que aparelhos de TV e computadores não devem ficar no quarto das crianças, mas em salas comuns, onde os pais possam acompanhar o seu uso.

“É preciso ensinar às crianças que a felicidade é uma realidade interior.
 Valores infinitos e valores de subjetividade.
Generosidade, solidariedade e a prática de serviços desinteressados.” (Frei Beto)

 (imagens: Google)

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